Por: Pedro Moreira de Godoy, Esp. [1]
<pedrogodoy.pro@gmail.com>
Em: Santo André, SP, 06 jun. 2011.
[1] Professor especialista, leciona a disciplina Informática: para uma melhor idade, na Faculdade Aberta à Terceira Idade (FATI), Centro Universitário Anhanguera de Santo André (UniA).
Figura 1 – Alunas curso de Informática: para uma melhor idade, turma A – Básico.
Fonte: GODOY, 2011; FATI, UniA, 2011.
Essas bravas senhoras, minhas meninas do curso de Informática: para uma melhor idade, não desistem de aprender o que há de novo nesse nosso mundo. Muitas já estão até concorrendo com seus netinhos no uso do computador e já voltaram a ter novos assuntos com seus filhos; algumas já até ensinaram a eles algumas dicas de informática aprendidas em aula. É exatamente por causa desse espírito jovial, que as considero não somente alunas... mas minhas amigas.
A elas, dedico esta belíssima crônica intitulada Amigos, de autoria atribuída a Vinícius de Moraes, que expressa o que vejo em cada uma delas, a cada dia, em nossas aulas.
Vídeo 1 – Amigos - Vinicius de Moraes.
Amigos
(Vinícius de Moraes)
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e
a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores, mas
enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e
o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro,
basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e
não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não têm noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese,
dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo,
andando comigo,
falando comigo,
vivendo comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou
talvez nunca vão saber que são meus amigos!
"A gente não faz amigos, reconhece-os."
Fonte: ISMAIL, 2011.
Referências